As eleições presidenciais deste ano foram tão intensas que, apesar do resultado ter saído há dois dias, temos a impressão que ela ainda não acabou.
Os ânimos ficaram acirrados porque houve o confronto dos interesses revelados nas diferenças promovidas pela desigualdade social e da exacerbação do “jeitinho brasileiro”, que gosta de levar vantagem em tudo.
Alguns interesses vieram à tona e acabaram colidindo à caminho da eleição. Corrupção, bolsa família, elite, sulista e nordestino foram temas usados para continuar a já findada guerra eleitoral.
Até a divisão do país tem sido defendida em redes sociais, fruto da interpretação de que do sudeste ao sul o país teria votado em Aécio e contra a corrupção e a malemolência do bolsa família, enquanto ao norte o país teria votado em Dilma a favor dos menos favorecidos e contra a elite burguesa.
Só para constar, Aécio teve menos votos na região sudeste e sul do que no resto do país.
Claro que incomoda ouvir o porteiro do prédio em Copacabana dizer que tem 10 filhos e que a mulher não trabalha porque recebe mais de dois mil reais do bolsa família e outros adereços sociais.
Mas historicamente este país tem sido uma das economias que mais promoveu a injustiça social desde o início de sua história. Então, tirar famílias da pobreza extrema e da miséria, impedir que crianças passem fome e que os pais tenham uma vida à margem da sociedade é tarefa de todos nós. Lição de Ruth Cardoso e FHC.
Claro que seria muito mais fácil admitir essa ajuda – que monetariamente é praticamente irrisória para cada brasileiro economicamente ativo – se não estivéssemos às voltas com um mar de lama e muita corrupção.
Enfrentaríamos essa desigualdade social com muito mais satisfação e com resultados fantásticos se os bilhões roubados fossem destinados à riqueza compartilhada em obras sociais e programas de educação e geração de renda. Talvez essa seja a conversa que não chegou no pé de ouvido de todos.
Afinal, para a grande maioria que depende da ajuda dos programas sociais para colocar comida na mesa e dar dignidade à família, não importam os escândalos, prisões e denúncias. Papuda parece aquela senhora bonachona de pescoço inchado.
Assim, a eleição se foi. A manifestação convocada para a Avenida Paulista contra a reeleição da Presidente ontem reuniu 30 pessoas. A turma do deixa-disso tem atuado nas redes sociais para acalmar os mais exaltados que pregam divisão ou xenofobia desmedida.
Mais alguns dias tudo se encaminha e voltamos a ter o foco na fiscalização, cobrança e sugestionamento aos eleitos, porque há muito o que fazer pelo estado e pelo país.
Que assim seja!